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Primeiros 100 dias

Entrevista com Thomas Hegel Gunther

Thomas Hegel Gunther assumiu funções como diretor-geral e presidente do conselho de gerência a 1 de dezembro de 2021 e esta semana faz o primeiro balanço dos seus primeiros meses de liderança da fábrica portuguesa.

Thomas Hegel Gunther assumiu funções como diretor-geral e presidente do conselho de gerência a 1 de dezembro de 2021 e esta semana faz o primeiro balanço dos seus primeiros meses de liderança da fábrica portuguesa.

  1. Entrevista com Thomas Hegel Gunther

Como foram as suas primeiras impressões sobre a fábrica, como uma das mais importantes do país?

As primeiras impressões continuam a ser positivas. O lançamento do novo T-Roc em três semanas foi muito bem sucedido e, por isso, congratulo todas as equipas envolvidas neste projeto. Tenho vindo a conhecer uma equipa experiente, dedicada e orgulhosa do bom trabalho que aqui se faz diariamente.

No final de novembro tive a oportunidade de ver durante a celebração dos 30 anos, como esta fábrica é importante para a região de Setúbal e para o país, pela empregabilidade que gera direta ou indiretamente.

Apesar dos desafios da COVID-19 e da falta de semicondutores, os resultados dos últimos dois anos comprovam o esforço e a união de toda a equipa em criar soluções e finalizar com qualidade os carros dos clientes.

Em 2021, a nossa atividade correspondeu a 1,5% do PIB e a 5% das exportações nacionais.


Na sua perspetiva, qual a importância da assinatura do novo acordo laboral?

Vejo como um sinal de paz social e de estabilidade em tempos de instabilidade. Vai permitir à fábrica encarar desafios futuros com mais certeza de continuar a ser um destino atrativo para a casa-mãe e mais competitivo face às restantes fábricas da marca.

Entretanto, o novo T-Roc chegou em abril ao mercado português. O que acha do novo modelo?

É muito importante reforçarmos a presença da marca Volkswagen em Portugal. No ano passado, o T-Roc foi o modelo da marca Volkswagen mais vendido em Portugal. O T-Roc continua a destacar-se a nível comercial tanto em Portugal como nos restantes mercados para onde é exportado. A Alemanha, Itália e Espanha continuam a ser os seus principais mercados. Temos todos razões para estar orgulhosos sobre o bom desempenho do carro.

Como é que a falta de componentes tem afetado a nossa produção?

A Volkswagen Autoeuropa, assim como a maioria das empresas em todo o mundo tem sofrido com escassez de componentes devido ao impacto e consequências da pandemia de COVID-19 e, mais recentemente, da guerra na Ucrânia.

Graças ao bom trabalho desenvolvido pela task force do Grupo Volkswagen e das nossas áreas de logística, compras e aprovisionamento, qualidade e produção na fábrica temos conseguido minimizar esse impacto. Apesar de mantermos carros em parque, o plano de produção mantém-se estável e recentemente retomámos a laboração a 19 turnos. Estes carros serão recuperados assim que possível. No entanto, quanto mais tempo durar esta guerra, mais pressão será causada sobre os fornecedores. O Grupo Volkswagen já afirmou que se esperam perturbações de abastecimento ao longo do ano, mas a análise continua a ser realizada diariamente.

 

"Seria bom se Portugal fosse um hub de produção de carros elétricos."

Quais são as expetativas de produção para 2022?

É prematuro avançar com estimativas claras de produção, pois continuaremos a sentir os efeitos da escassez de componentes, mas esperamos chegar ao fim do ano acima dos 200 mil carros. Mesmo no atual contexto de alívio de medidas de proteção de saúde, é importante recordar que a pandemia ainda existe. Todo o cuidado é pouco e devemos manter-nos atentos, devido à evolução da situação noutros países e que pode também ter impacto na cadeia de abastecimento, por exemplo.

 

Por ocasião do 30.º aniversário da empresa foi anunciado um investimento de 500 milhões de euros. O que representa esse investimento para a nossa empresa?

Sim, Alexander Seitz, o membro da administração da marca Volkswagen com a responsabilidade de controlling and accounting, anunciou o investimento para os próximos cinco anos na fábrica que será aplicado num produto mais evoluído tecnologicamente, em equipamento e em infraestruturas. Esta é mais uma prova da importância da Volkswagen Autoeuropa para o Grupo Volkswagen.

 

O futuro da Volkswagen Autoeuropa será elétrico?

Acabámos de lançar um carro de sucesso. Acreditamos que a curto e médio prazo, o novo T-Roc vai continuar a ser um dos preferidos dos nossos clientes. Sabemos também que o carro elétrico já está a transformar toda a indústria automóvel, e todos esperamos que a Volkswagen Autoeuropa faça parte da vaga de eletrificação em curso no Grupo Volkswagen.

Queremos claramente ser uma das fábricas que a longo prazo venha a merecer o investimento do Grupo para a eletrificação. Por isso é importante reforçar a confiança que a marca tem na fábrica de Palmela e mostrar à casa-mãe que somos um destino de investimento mais atrativo e mais competitivo face às nossas congéneres do Grupo. Como tal, é necessário mostrar rentabilidade de custos; agilidade na adaptação às mudanças dos mercados e sermos competitivos face a outros países para a produção do carro elétrico.

Que aspetos estratégicos podem ajudar no plano de eletrificação da Volkswagen Autoeuropa?

Em primeiro lugar, mencionaria questões de transporte. É fundamental criar condições que nos permitam baixar custos logísticos. Grande parte dos componentes vêm de transporte do centro da Europa. Temos atualmente um Gigaliner que além da poupança financeira tem ainda um benefício ambiental com a poupança de 109 t de emissões de CO2/ano. O próximo passo é expandir até à Península Ibérica pois traria significativamente mais reduções e apostar em novos equipamentos rodoviários como o Duo-trailer que ainda não está legislado em Portugal.

Por outro lado, tendo em conta os elevados custos logísticos, todas as formas de fixação de investimento ajudam naturalmente a demonstrar à casa-mãe que a Volkswagen Autoeuropa e, consequentemente, Portugal são destinos de investimento atrativos.

É importante que a indústria e o governo português criem um ambiente positivo para acelerar a transformação da eletrificação e da descarbonização da indústria automóvel em Portugal.

Seria bom se Portugal fosse um hub de produção de carros elétricos.