Mudar as regras do jogo
Texto Vânia Guerreiro
Fotografia Luis Viegas
Mudar uma situação ou uma atividade já existente de forma significativa, impactando o futuro. Conduzir mudanças transformadoras. Essas são as capacidades de um game changer.
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Mudar as regras do jogo
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á seis meses desafiámo-nos a acelerar o futuro. Depois, tudo mudou. Parámos seis semanas. Preparámo-nos para a nova realidade. E hoje, seis semanas depois do reinício, alinhamos o nosso propósito, desempenho e princípios.
O que mudou? Tudo. Quem foram os game changers? Todos nós. Cada um no seu papel. Nas próximas semanas apresentamos os oito perfis dos game changers que estão a mudar as regras do jogo neste momento ímpar que vivemos. E tu? Que game changer és?
És um criador?
Construímos pontes, não barreiras.
Nós olhamos para além do horizonte.
Somos «aqueles tipos» que vêm muito mais além.
Ajudamos os outros a evoluir e a ter sucesso.
Acolhemos e estimulamos a diversidade.
Partilhamos.
Somos todos UM!
No final de fevereiro, deu-se início à implementação do plano de contingência que se impunha para a proteção da saúde e segurança no local de trabalho. Sob a orientação das diretrizes das entidades nacionais de saúde e do Grupo Volkswagen, a direção do departamento médico e a coordenação de segurança estiveram desde o primeiro momento na linha da frente da preparação da empresa para uma nova realidade.
Para a aplicação prática de um pacote de cerca de 100 medidas, foram criados cinco grupos de trabalho com elementos de todas áreas para «olhar para lá do horizonte» e começar a preparar o regresso ao pormenor, sem saber muito bem quando e como. Mas sempre com um objetivo em mente, garantir a saúde e segurança como prioridade máxima para toda a equipa. Desde o momento em que cada colaborador(a) sai de casa até ao seu regresso a casa após um dia de trabalho.
A proteção e segurança começam fora das instalações da empresa quando os colaboradores entram no transporte da empresa. A prioridade deste grupo de trabalho foi a criação de um horário e padrão de turno adequados à situação e medidas de segurança na entrada da fábrica. Relativamente ao transporte, foram adicionadas novas regras à utilização dos autocarros.
E para além do transporte coletivo, também na entrada da fábrica através de transporte particular passou a haver novas regras. Na portaria principal é medida a temperatura de todos os colaboradores e fornecedores.
Considerando a dimensão das instalações e número de colaboradores/ parceiros a circular no interior da fábrica, foram criados percursos devidamente sinalizados para orientar a sua circulação garantindo a necessidade de distanciamento físico.
Para João Pereira, diretor da pintura: «Foi um desafio extraordinário, principalmente pela cooperação e flexibilidade na idealização, no planeamento e na concretização das medidas. A excelência do trabalho das equipas levou ao reconhecimento externo por parte das entidades públicas. Todos os colaboradores estão de parabéns pela sua conduta de cooperação.»
Grupo de trabalho: João Pereira (pintura), Paulo Machado (montagem), António Araújo (carroçarias), Pedro Lourenço (prensas); António Norberto (logística); Valter Galrito (GPP), José Prior (RH&O).Uma vez dentro da fábrica foi importante incluir medidas no plano relativamente à gestão da lavagem da roupa de trabalho, à utilização dos balneários e à chegada propriamente dita ao posto de trabalho nas áreas de produção e nos escritórios.
Desafios foram muitos: desde criar espaço nas instalações para a entrada/ saída dos autocarros da fábrica e garantir um novo circuito seguro de entrega, transporte e lavagem da roupa de trabalho, para que pudesse estar diariamente disponível para os colaboradores.«O rigor, a colaboração e o feedback foram essenciais neste trabalho. O cumprimento de prazos era obrigatório. E o feedback contínuo dos colaboradores e das chefias ao longo da implementação das medidas, permitiu redefinir estratégias e melhorar o processo.» Seis semanas após o regresso, Rui Neves, diretor das carroçarias destaca o sentimento de segurança que se vive: «Foi para este objetivo que trabalhámos e continuamos a fazê-lo. Para que os colaboradores se sintam em segurança consigo e para com as suas famílias e amigos.»
Grupo de trabalho: Rui Neves e Pedro Escórcio (carroçarias); Pedro Lourenço (prensas); João Camolas (pintura); Fernando Pinéu (montagem); António Norberto (logística); Jorge Teixeira (GPP); José Prior (RH&O); Florian Gattwinkel (RH&O); Kathleen Fischer e Carmen Aldino (compras e aprovisionamento).
Para minimizar o risco de propagação do vírus, foi necessário definir os critérios de avaliação das condições de risco e aplicá-los a cada estação de trabalho na fábrica, para uma caracterização dos equipamentos de proteção individual necessários para garantir a segurança máxima dos colaboradores.
Para além da avaliação dos postos de trabalho, foi igualmente realizada a análise e implementação de medidas nas instalações sanitárias e salas de reunião da empresa.
«Todo este processo foi uma aprendizagem única. Nunca fomos preparados para um cenário destes. A permanente partilha de informação entre os vários grupos de trabalho ajudou-nos sempre a manter a mesma linha de pensamento. O objetivo foi e continua a ser um: a saúde e segurança de todos.», destaca Alberto Gavinhos, diretor da montagem e mentor deste grupo.Grupo de trabalho: Alberto Gavinhos, Vasco Bravo e Miguel Costa (montagem), Sílvia Rosado e Pedro Coimbra (EI&LM), António Norberto (logística), Florian Gattwinkel (RH&O), Manuel Ribeiro (carroçarias), Otto Schlüsche (GPP), Gama Teixeira (pintura), António Ramos (prensas e estampagem), Cláudia Campos (RH&O) e Carlos Roça (qualidade).
Diariamente servimos na cantina, em três turnos, mais de 6.000 refeições e ainda existem nas áreas várias zonas de refeição. Para minimizar o risco de contágio durante os períodos de refeição, foram feitas alterações nas instalações das cantinas e percursos de acesso.
Porém antes que tudo estivesse pronto, foi necessário garantir a refeição aos colaboradores.«Assim nasce a ideia da Snack Box com uma refeição ligeira.», explica Francisco Fialho, diretor das prensas, que não esquece os desafios desde a escolha do conteúdo, à sua distribuição e até à gestão dos resíduos. «Trabalho em equipa foi a nossa receita de sucesso. Para muitos de nós, a abordagem de gestão destas temáticas foi completamente nova, mas uma excelente oportunidade para conhecer outras dimensões da organização. O espírito de cooperação que nos caracteriza possibilitou-nos atingir um resultado que à partida parecia quase impossível – garantir que conseguíamos voltar a servir refeições nas cantinas com segurança total e em tão curto espaço de tempo.», continua.
Grupo de trabalho: Francisco Fialho e António Ramos (prensas), José Prior (RH&O), Rui Moura (montagem), Rui Esteves (carroçarias), João Morgadinho (pintura), Jorge Teixeira (GPP), António Norberto (logística) e José Lopes (qualidade).
Todos somos agentes de saúde pública e a adoção de comportamentos que reduzam o risco de propagação do coronavírus no local de trabalho é da responsabilidade de todos. A principal tarefa deste grupo de trabalho foi a análise de hábitos e comportamentos sociais que todos temos enraizados, mas que neste momento, constituem risco de saúde.
Por exemplo, a gestão das zonas de fumo foi, seguramente, um dos temas mais debatidos, tendo sido até considerada a proibição total de fumar dentro das instalações, devido ao risco de proximidade física.«Fomos todos confrontados com algo até então impensável e nunca vivido. Tudo era novidade. Discutir afastamento social nos oásis ou zonas de fumo… Como fazer? Como assegurar a distância? Como mudar hábitos? Fomos caminhando, passo-a-passo.», recorda João Melo, diretor de produção. Com o feedback das partes interessadas e seguindo as diretrizes da Direção-Geral da Saúde e boas práticas implementadas no Grupo Volkswagen, foram criadas as novas regras para a nossa fábrica.
«A informação e o apelo à disciplina nos locais críticos têm sido as nossas principais ferramentas de prevenção. Neste momento, sentimos muito orgulho. Orgulho pelas medidas tomadas pela nossa fábrica e acima de tudo pela maturidade e sentido de responsabilidade que todos os colaboradores da Volkswagen Autoeuropa assumiram perante esta pandemia.», reconhece João Melo.
Grupo de trabalho: João Melo (diretor de produção), Cláudia Lourenço e José Prior (RH&O), Francisco Fialho (prensas), João Mira (montagem), Rui Neves (carroçarias), Fausto Santos (pintura), Alexandre Lúcia (GPP), João Delgado (comunicação e relações governamentais) e José Lopes (qualidade).