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Texto Vânia Guerreiro

Fotografia Luís Viegas

Nas Prensas já arrancaram os trabalhos de preparação para a futura instalação da nova linha de corte de platinas. A engenheira civil Isabel Nunes, especialista de infraestruturas na área de Gestão de Produto e Planeamento coordena este complexo projeto de engenharia civil e explica-nos alguns pormenores desta obra única em Portugal.

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Texto Vânia Guerreiro

Fotografia Luís Viegas

Nas Prensas já arrancaram os trabalhos de preparação para a futura instalação da nova linha de corte de platinas. A engenheira civil Isabel Nunes, especialista de infraestruturas na área de Gestão de Produto e Planeamento coordena este complexo projeto de engenharia civil e explica-nos alguns pormenores desta obra única em Portugal.

N25–R25
A localização ideal

Segundo Mak da Silva, chefe de departamento de manutenção de Prensas: «A primeira reunião de arranque do projeto com a empresa fornecedora da nova linha de corte de platinas ocorreu em janeiro de 2020. O objetivo foi dar a conhecer ao departamento de Infraestruturas e Ambiente a nova máquina, suas dimensões e características assim como as necessidades futuras de alimentação eléctrica, ar comprimido e a necessidade de transportar a sucata produzida até ao transportador principal.»

Entre os dois locais possíveis, foram analisadas as plantas do projeto de estruturas da construção existente, os projetos de infraestruturas para avaliar da existência ou não de elementos enterrados e os projetos dos equipamentos que operam nesta área.

«O centro da localização da linha teve de ser determinado com muita precisão para que a a escavação a realizar fique fora da linha de influência das sapatas dos pilares. Os pilares N25 e R25 recebem a carga da estrutura metálica da nave, da cobertura, das luminárias, condutas de ar condicionado e de três pontes rolantes, numa área de 784 m2. O centro da prensa tem que ficar localizado num ponto em que possa ser abastecida através de uma das pontes rolantes.», explica Isabel Nunes.

O funcionamento da prensa de corte requer a instalação de um transportador de sucata. Para tal será construído um túnel que irá levar a sucata produzida até ao túnel principal de onde é transportada até à “Baller House” (instalação que processa a sucata compactando-a em fardos e transportando-a para vagões).

A localização do túnel foi condicionada pelos pilares da fachada do edifício das Prensas.
Este túnel terá 200 m2 de área em planta e ficará à profundidade dos 5,5 metros.

A nova linha de corte obriga à construção de uma cave à profundidade de 5,5 metros, com uma área em planta de 140 m2.

Estudos pioneiros

Depois de escolhido o local, começaram os estudos para viabilizar a obra em termos de engenharia civil: 

— Sondagens para aferição do tipo de terreno e da eventual existência de um lençol freático. Nas sondagens apenas foram encontradas areias.

— Medição de vibrações para avaliação do nível de vibrações existentes no pavimento e no túnel principal mais próximo do local da obra. Toda a obra terá de ser realizada com as prensas em funcionamento e a pressão provocada pelos seus batimentos provocam vibrações elevadíssimas em toda a área, percepcionadas por todos neste local.

— Avaliação do comportamento do betão sujeito ao nível de vibrações. Foram feitos protótipos para simular a laje de fundo da cave e túnel com 1,0m de altura, as paredes da cave com 0,7m de largura e a lâmina de compressão da laje de cobertura do túnel, além dos provetes standard de 15x15 cm que normalmente se utilizam para avaliar o betão em obra. Estas peças foram betonadas no local da obra e os provetes num local sem vibração.

Foram ensaiados 90 provetes e 54 carotes retiradas dos protótipos, o estudo teve por base fazer a comparação do comportamento do mesmo betão quando sujeito às vibrações e qual o seu comportamento quando está um 1, 2, 3 e 4 dias sem vibração. O provetes e carotes foram ensaiados à compressão aos 1, 2, 3, 4, 28 e 60 dias.

Do estudo concluiu-se que para os provetes com 15x15 cm a redução da resistência foi de 8,5% e de 40% para as peças de 1,0 m e 0,7m, ou seja, quanto maior for a massa de betão maior é o efeito das vibrações no processo de resistência final do betão.

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Isabel Nunes, GPP

Em Portugal e no estrangeiro não encontrámos estudos desta natureza para podermos avaliar o impacto das vibrações no processo de cura do betão. Sem informação técnica relevante, optámos por realizar um estudo recorrendo a duas centrais de betão portuguesas para determinar a classe do betão a utilizar em obra e a sua composição quimica.»

Isabel Nunes
Engenheira civil e especialista de infraestruturas, GPP

Fotografia a 5 fevereiro, 2021

Como se faz uma escavação com 6,5 metros de profundidade numa área de 340 m2 sujeita a vibrações intensas, devido ao funcionamento contínuo das prensas, sem colocar em risco toda a estrutura da nave e seus equipamentos?

Como se realiza uma obra sem contaminar a área de produção com pó?

Acompanha aqui o desenvolvimento e todos os pormenores da instalação da nova linha de corte de platinas.